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Qual Concepção de Linguagem deve permear o ensino de Língua Portuguesa?

"A produção textual é uma atividade verbal, a serviço de fins sociais e, portanto, inserida em contextos mais complexos de atividades; trata-se de uma atividade consciente, criativa, que compreende o desenvolvimento de estratégias concretas de ação e a escolha de meios adequados à realização dos objetivos; isto é, trata-se de uma atividade intencional que o falante, de conformidade com as condições sob as quais o texto é produzido, empreende, tentando dar a entender seus propósitos ao destinatário através da manifestação verbal; é uma atividade interacional, visto que os interactantes, de maneiras diversas, se acham envolvidos na atividade de produção textual".(Kosh, 1998 p.22)


Segundo os PCN'S:

"Tomando-se a linguagem como atividade discursiva, o texto como unidade de ensino e a noção de gramática como relativa ao conhecimento que o falante tem de sua linguagem, as atividades curriculares em Língua Portuguesa correspondem, principalmente, a atividades discursivas: uma prática constante de escuta de textos orais e leitura de textos escritos e de produção de textos orais e escritos, que devem permitir, por meio da análise e reflexão sobre os múltiplos aspectos envolvidos, a expansão e construção de instrumentos que permitam ao aluno, progressivamente, ampliar sua competência discursiva.
Deve-se ter em mente que tal ampliação não pode ficar reduzida apenas ao trabalho sistemático com a matéria gramatical. Aprender a pensar e falar sobre a própria linguagem, realizar uma atividade de natureza reflexiva, uma atividade de análise lingüística supõe o planejamento de situações didáticas que possibilitem a reflexão não apenas sobre os diferentes recursos expressivos utilizados pelo autor do texto, mas também sobre a forma pela qual a seleção de tais recursos reflete as condições de produção do discurso e as restrições impostas pelo gênero e pelo suporte. Supõe, também, tomar como objeto de reflexão os procedimentos de planejamento, de elaboração e de refacção10 dos textos". (PCN'S 5ª a 8ª Séries pág. 27)

"Quando se pensa e se fala sobre a linguagem mesma, realiza-se uma atividade de natureza reflexiva, uma atividade de análise lingüística. Essa reflexão é fundamental para a expansão da capacidade de produzir e interpretar textos. É uma entre as muitas ações que alguém considerado letrado é capaz de realizar com a língua. A análise lingüística refere-se a atividades que se pode classificar em epilingüísticas e metalingüísticas. Ambas são atividades de reflexão sobre a língua, mas se diferenciam nos seus fins.
Nas atividades epilingüísticas a reflexão está voltada para o uso, no próprio interior da atividade lingüística em que se realiza. Um exemplo disso é quando, no meio de uma conversa um dos interlocutores pergunta ao outro "O que você quis dizer com isso?", ou "Acho que essa palavra não é a mais adequada para dizer isso. Que tal...?", ou ainda "Na falta de uma palavra melhor, então vai essa mesma". Em se tratando do ensino de língua, à diferença das situações de interlocução naturais, faz-se necessário o planejamento de situações didáticas que possibilitem a reflexão sobre os recursos expressivos utilizados pelo produtor/autor do texto - quer esses recursos se refiram a aspectos gramaticais, quer a aspectos envolvidos na estruturação dos discursos -, sem que a preocupação seja a categorização, a classificação ou o levantamento de regularidades sobre essas questões.
Já as atividades metalingüísticas estão relacionadas a um tipo de análise voltada para a descrição, por meio da categorização e sistematização dos elementos lingüísticos". (PCN'S Ensino fundamental pag. 23)

Com base nas concepções que estamos estudando tenho uma afinidade maior com a concepção de interação que enxerga a linguagem como um "processo de interação", privilegiando o coletivo. Onde o indivíduo não deve necessita realizar incessantes trabalhos de coordenação motora para que escreva com letra bonita e fixe as letras como decoro, ou simplesmente expor o que sente ou que pensa sobre algo para estar letrado/alfabetizado. Maseste deve realizar ações concretas como ser histórico atuante das e nas complexas formas de organização e transformação social.

Ao refletir sobre algo, a língua como diz os PCN'S, não nos diz e não entendo que o indivíduo permaneça submergido, nem tampouco que não seja uma forma de atuação. Ao refletir faz-se a releitura, organiza-se as pendências e resolvem-se as dúvidas; culminando o que foi recebido com o que já se têm internalizado. A reflexão é o momento prévio à ação. Necessário e indispensável tanto para a boa prática da língua quanto para sua promoção como indivíduo pertencente a uma sociedade.

Cabe ao docente organizar suas atividades para que os "alunos" possam fazer a leitura de que existem momentos de ação e reflexão com a língua e estes são inseperáveis.

Augusto Schwartz